Veja cinco desafios Brasil a um mês da Copa do Mundo

Veja cinco desafios Brasil a um mês da Copa do Mundo

A um mês da abertura Copa do Mundo, o Brasil ainda tem questões a resolver nos dias que restam. De obras em estádios a questões de logística para receber os visitantes, o País terá que correr contra o tempo para entregar o Mundial.

Obras em atraso

O problema mais óbvio da Copa do Mundo do Brasil: obras estão atrasadas País afora. Lembra do trem-bala entre Rio de Janeiro e São Paulo? Ele quase não foi mencionado outra vez depois que foi anunciado em 2009, quando a presidente Dilma Rousseff ainda era ministra da Casa Civil. Pois ele está longe de ficar pronto, assim como diversas outras construções iniciadas com o pretexto de estarem prontas na Copa do Mundo.

A maioria destas tornaria o megaevento melhor tanto para turistas quanto para habitantes, mas não era essencial para a realização do Mundial. Outras, entretanto, precisam estar prontas até o dia 12 de junho por estarem diretamente vinculadas às arenas que receberão as partidas entre seleções. Entre elas estão a Arena da Baixada e Arena Corinthians, estádios mais atrasados e que sequer foram testados nas condições impostas pela Fifa no Mundial.

O caso mais preocupante é o da futura casa corintiana, na qual a instalação das arquibancadas temporárias para a Copa do Mundo não foi concluída – o estádio propriamente dito está praticamente pronto. Enquanto no interior a maioria das arenas já está pronta, questões de infraestrutura elétrica, hidráulica, entre outros aspectos, seguem em andamento, inclusive em sedes já experimentadas, como a Arena Pantanal.

Estruturas temporárias para transmissão de jogos serão montadas em locais como a Arena das Dunas, em Natal, que já recebeu partidas do Estadual, Série B e Copa do Brasil, mas terá que realizar adaptações específicas para o Mundial. Embora menores, elas preocupam por serem feitas de última hora – para serem desmontadas posteriormente por serem desnecessárias fora da Copa do Mundo.

Também no Rio Grande do Norte, o Aeroporto Internacional de São Gonçalo do Amarante deveria ser inaugurado até o Mundial. Até esta segunda-feira, porém, ele não foi e, conforme o tempo passa, o diminuto Aeroporto Augusto Severo será encarregado de receber os voos para a sede nordestina. Promessas de abertura foram feitas para abril, adiadas para maio, mês no qual a prefeitura da cidade começou a instalar placas indicando a localização do novo terminal.

Falta de apoio popular

A Copa das Confederações foi pano de fundo de manifestações em larga escala por todo o Brasil, que mostraram a insatisfação popular a respeito de diversas facetas do País, desde educação e saúde até segurança e corrupção.

Embora elas tenham diminuído com o passar dos meses, parte da população brasileira não deu grande sinais de que está feliz para receber a Copa do Mundo. Protestos continuam país afora, mas com dimensões muito menores e, em alguns casos, liderados por manifestantes mais violentos quando comparados à maioria dos presentes nos eventos de junho de 2013.

Receosos com uma possível mobilização equivalente à da Copa das Confederações durante um evento de muito mais exposição internacional, como é a Copa do Mundo, governos estaduais e municipais equiparam suas tropas de choque com armaduras dignas de cenas de cinema.

Proximidades dos eventos testes com a data do mundial

A Arena Corinthians receberá no próximo dia 18 o primeiro teste “padrão Fifa” na partida entre Corinthians e Figueirense pelo Campeonato Brasileiro, enquanto a Arena da Baixada será testada pela primeira vez nesta quarta-feira em um amistoso entre Atlético-PR e Corinthians.

Os dois estádios são os vencedores do prêmio construção mais atrasada do Mundial, pois ambos serão colocados à prova restando menos de um mês para o começo da Copa do Mundo. A Cerimônia de Abertura, inclusive, será na Arena Corinthians, cujo teste será o último entre as 12 cidades-sede.

A entrega em cima da hora pode escancarar falhas infraestruturais não observadas durante as obras com pouco tempo para correções. Como exemplo negativo houve a Arena Pantanal, a antepenúltima a ser experimentada, que apresentou problemas como o alagamento dos seus arredores no dia em que recebeu a sua primeira partida, entre Santos e Mixto, pela Copa do Brasil.

Mesmo depois de receber outros jogos, o estádio de Cuiabá continuou em obras, nas quais um operário morreu eletrocutado na última semana.

Aeroportos e transporte público

Já se sabe que parte dos aeroportos prometidos para a Copa do Mundo não ficará pronta a tempo, mas as companhias aéreas não esquecerão de aumentar os valores das passagens para quem quiser voar pelo Brasil durante a competição.

A Embratur, Instituto Brasileiro de Turismo, se manifestou em outubro do ano passado pedindo que as empresas responsáveis pelos voos pelo País estipulassem um teto para os valores dos tíquetes para que os turistas não sejam explorados no Mundial graças à demanda elevada, que é um motivo para que os preços subam naturalmente.

A Azul e a Avianca, as duas companhias com menor parcela de mercado, afirmaram que estabeleceriam um limite no preço das suas passagens, porém GOL e Tam não tiveram a mesma postura. A Agência Nacional de Aviação, por sua vez, liberou quase 2 mil novos voos durante o período, medida que visa a diminuição dos valores dos tíquetes graças à oferta maior de assentos.

Não é só o acesso aos aviões que levanta dúvidas na cabeça da população, mas também o processo desgastante especialmente para desembarques internacionais, nos quais a entrega de bagagens tem sido um problema por todo o país, assim como a passagem pela polícia federal. Nos últimos meses enormes filas para adentrar ao País viraram regra, cansando ainda mais os viajantes.

Para a movimentação dentro das cidades, o atraso de obras prometidas para a Copa do Mundo também é uma complicação para torcedores e moradores. Planos especiais para dias de jogos devem ser adotados em todas as cidades-sede para contornar a fragilidade do acesso por meio do transporte público tradicional.

No Recife, por exemplo, a estação Cosme Damião do metrô deu conta do enorme fluxo de torcedores que foram à Arena Pernambuco, em São Lourenço da Mata, durante a Copa das Confederações, mas mesmo assim o acesso foi criticado por ser sobrecarregado em dias de jogos e distante do estádio.

Em São Paulo, duas linhas darão acesso à Arena Corinthians, mas terão um período restrito de testes para simular a demanda em dias como a Cerimônia de Abertura da Copa do Mundo.

A Linha 11 Coral – Expresso Leste da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e a Linha 3 Vermelha do Metrô não faziam parte do projeto original da cidade para o Mundial, pois inicialmente o Estádio Morumbi seria a sede paulista da competição. No entanto, ambas estão em funcionamento há anos transportando moradores da região mais populosa da cidade.

Setor hoteleiro

Assim como na questão das passagens aéreas, o valor das diárias de hotel durante o Mundial é uma preocupação para os turistas, especialmente os brasileiros, que acompanharam os valores de certos locais aumentarem mais de 200% em relação aos preços que seriam pagos em dias e meses comuns.

A tendência, pela procura, é um aumento nos custos de aluguel de quartos, porém um crescimento abusivo dos números é o que deixa a população em alerta. São Paulo é a cidade que mais preocupa neste quesito, pois apesar de ser uma das cidades-sede mais abastadas na quantidade de leitos, tem como diária mais barata, dentre os hotéis recomendados no site da Fifa, um valor a partir de R$ 541.

A capital paulista, inclusive, ao contrário de outros municípios que receberão partidas durante a Copa do Mundo, é que hospedará visitantes a uma distância maior da Arena Corinthians, onde ocorrerão as partidas. O hotel cuja diária foi citada, por exemplo, fica a 24 km do estádio.

O Ministério da Justiça se manifestou a respeito desta questão por meio da Secretaria Nacional do Consumidor. Representada pela secretária Juliana Pereira, a pasta pediu que os hotéis das cidades-sede se comprometessem a colocar em seus sites os preços praticados nos períodos de pico de demanda, como o Carnaval e Reveillon no Rio de Janeiro, para os clientes terem uma referência de valores e saberem quando números abusivos forem cobrados.

Fonte: Terra